Graças ao personagem Chaves, de enorme apelo entre as crianças, o mexicano Roberto Gomez Bolaños, de 70 anos, ficou conhecido em 120 países. No Brasil, o programa Chaves passa há dezesseis anos no SBT e é até hoje a maior audiência nas tardes da emissora, com a média de 11 pontos no Ibope. O canal de Sílvio Santos acaba de comprar um pacote de programas inéditos, que serão exibidos no ano que vem com o nome de Clube do Chaves. No México, o humorista está aposentado da televisão há cinco anos. Hoje roda o país fazendo um espetáculo humorístico de teatro em que aparece sem fantasia. "Não tenho mais a mesma desenvoltura e agilidade do passado", diz. Na Cidade do México, Bolaños vive em uma confortável casa de 300 metros quadrados, onde mora com a esposa, Florinda Meza (a Dona Florinda de Chaves), ex-mulher de Carlos Villagrán, o rechonchudo Quico do programa. É interessante que três personagens de uma atração infantil tenham sido vértices de um triângulo amoroso. Bolaños recebeu VEJA semana retrasada, momentos depois do terremoto que sacudiu o México: |
VEJA - De onde surgiu a inspiração para o personagem Chaves? |
Bolaños - Foi só olhar em volta. Existem várias favelas na América Latina, as diferenças sociais são muito grandes. O Chaves é uma criança que não cresce porque não come. O personagem faz sucesso em qualquer lugar do planeta onde haja fome. |
VEJA - O senhor tem doze netos. Quantas horas por dia uma criança deve passar na frente da televisão? |
Bolaños - Acho que as crianças assistem a mais televisão do que deveriam. Mas essa é uma questão complicada. Em países como o México - e imagino que no Brasil seja assim também - a televisão é a grande babá da garotada. |
VEJA - Sendo assim, os programas infantis não deveriam ter maior conteúdo educativo? |
Bolaños - Isto deveria estar a cargo das emissoras governamentais. Quem tem o objetivo de divertir não tem a obrigação de educar. Não é obrigação do Chaves ensinar qual é a capital da França. |
VEJA - Que cuidados deve ter um humorista cujo público é composto basicamente de crianças? |
Bolaños - Sempre evitei fazer piadas com raças, religiões, opções sexuais e mulheres. Aliás, nos meus programas as meninas sempre são mais inteligentes. No Chaves, era a Chiquinha que arquitetava os planos mirabolantes. |
VEJA - Existe uma nova safra de comediantes no México que apela para o humor chulo. Como o senhor vê isso? |
Bolaños - Não me agrada nem um pouco. Mas acho que essa fase é passageira. Quando sobram piadas chulas, é porque falta talento. E gente sem talento tende a sumir rápido. |
sábado, 23 de julho de 2011
ENTREVISTA DO CHAVES
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